sábado, 7 de novembro de 2009

Política e Cultura

Jhonata Goulart Serafim – 8ª fase

O cenário político Brasileiro federal é constantemente alvo de críticas devido a atos imorais “supostamente” praticados pelos membros de ambas as casas do parlamento, mas que recentemente concentraram-se no mais alto grau do legislativo: o senado. São nestes tempos de “crise” com várias denúncias de mau uso do dinheiro público e do uso da máquina governamental em benefícios de particulares, que se ouvem as afirmativas no convívio popular: “a política é assim mesmo”, “política é corrupta e suja”. Todavia, será que o problema mesmo é a política, ou os políticos que fazem uso dela?
Com o objetivo de problematizar este conceito tão discutido, que Wollgang Leo Maar escreveu um livro com um título muito singelo: O Que é Política? Neste apresenta a concepção de política desde os tempos da Grécia antiga até os dias atuais, porém em sua parte introdutória, já observa várias questões interessantes de reflexão sobre o tema.
Primeiramente, antes da abordagem do problema, é mister a clareza do primeiro conceito política da história apresentado por Maar: “O termo política foi cunhado a partir da atividade social desenvolvida pelos homens da “Pólis”, a cidade-estado da Grécia” (MAAR, p.31, 1983), portanto, o conceito de Política dos gregos é bem mais amplo do que o conceito impregnado na sociedade atual, cujo sentido está vinculado a atividade partidário, ou a membros e instituições de governo municipal, estadual e federal. Este primeiro conceito quer dizer que Política é toda atividade social desenvolvida por indivíduos, que pode acontecer comumente em uma conversa informal em um bar ou em uma partida de futebol.
Mas, por que o conceito de Política dos gregos foi suprimido pelo conceito atual, vinculado a partidos e instituições? O mesmo autor apresenta alguns indícios que respondem a questão, dizendo que:
A evolução histórica em direção ao gigantismo das instituições políticas – o estado onipresente – é acompanhada de uma politização geral da sociedade em seus mínimos detalhes, por exigir um posicionamento diário frente ao poder. Mas ao mesmo tempo traz consigo a imposição de normas com que balizar a própria aplicação da palavra política, procurando determinar o que é e o que não é “política”. Desta forma, oculta-se ao eleitor o seu ser político, atribuindo-se esta qualidade apenas ao eleito.
(MAAR, 1983, p.11)

Percebe-se na reflexão do autor que este “gigantismo onipresente” do estado nas três esferas do poder governamental fez que se “ofuscasse” a visão social da atividade política dos indivíduos, que somente são lembrados pelo estado como cidadãos dotados de poder político, somente nas eleições de 2 em 2 anos, ou em consultas públicas como referendos e plebiscitos.
Maar ainda vai mais afundo nesta questão, atribuindo este “ofuscamento” do caráter político que todos os cidadãos possuem, buscando um segundo viés – ideológico - escrevendo que: “Marx mostra como o modo de produção capitalista submete de um modo tão universal a sociedade, que as própria relações entre os homens surgem como relações “coisificadas” entre o capital e a força de trabalho” (MAAR, 1983. p.21). Para Marx, o grande senhor chamado “capital” é que rege todas as outras instâncias inferiores como à religião e escola e a política. Nesta perspectiva, o homem na busca incansável pelo lucro, aliena-se e não se enxerga como um cidadão possuidor de poderes, dentre os quais o de votar e ser votado.
Portanto, na perspectiva de Maar, como é possível que aquele velho sentido político conceituado pelos gregos possa ser explorado e aplicado para os dias atuais?
O autor evidencia que este papel deve ser desempenhado principalmente pela intelectualidade (como os historiadores). Pois cabe a ela a tarefa de mediar os interesses do indivíduo e da coletividade, demonstrando que política não está amarrada ao partidarismo e aos pleitos eleitorais, ou que é condicionada pelo capital. É preciso proporcionar ao cidadão que a política figura em um sentido cultural, e que a cultura política atual pode ser mudada e transformada pela própria cultural como já ensinava o cientista político Antonio Gramsci explorado por Maar.
Neste texto tentou-se apresentar uma perspectiva teórica sobre política, cabendo a cada cidadão analisar as propostas e formar sua própria concepção sobre o tema, mas uma coisa é certa: “se o problema é político, a política pode mudá-lo”.

Referências Bibliografias
MAAR, Wolfgang Leo. O Que é Política?, São Paulo: Brasiliense. 1983.

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