sábado, 7 de novembro de 2009

Das questões implícitas: A subjetividade lagunense.

Por Radamés Hakkem Rodrigues – 6ª fase

Há algum tempo atrás li um artigo escrito pelo professor João Batista Bitencourt que se chama "Narrativas do passado ou a poética possível-pertinente", onde Bitencourt analisa a obra de Oswaldo Rodrigues Cabral, explorando as concepções e paradigmas adotados por Cabral nas questões concernentes a criação de sua narrativa histórica na tentativa de observar como estes conceitos defendidos por Cabral foram aplicados nos estudos propostos por ele à cidade de Laguna. De modo geral este trabalho historiciza a ocupação do território de Laguna e do litoral catarinense costurando a narrativa com base – principalmente – em textos de Oswaldo Cabral.

A uma presença significativa de fontes bibliográficas e entrevistas concedidas por Cabral em vida. Podemos observar uma inovação, quando percebemos a lógica do pensamento de Oswaldo Cabral, vemos que este se preocupava – ou pelo menos deixava transparecer – em alguns de seus escritos, certo "embrião da história vista de baixo" caracterizado pelo seu conceito de "arraia miúda". Além disso, a figura do imigrante açoriano e de figuras de destaque do cenário historiográfico catarinense são abordados no artigo.

Podemos examinar ao longo do texto como se dá a evolução histórica da cidade de Laguna, abordada como pano de fundo para a compreensão de um método "Cabralesco" de se fazer história, onde, alguns pontos pertinentes da história desta cidade são apresentados pela ótica de Cabral. Torna-se evidente que a abordagem teórica aqui apresentada segue em determinadas linhas a primeira geração dos Annales, como na preocupação de vislumbrar novos personagens ou no distanciamento temporal do período estudado.

Para um comentário conclusivo, gostaria de ressaltar o estilo inteligível e solto de Bitencourt, e também expressar admiração pela maneira fabulosa de como os fatos são dispostos e toda problemática é desenvolvida. Sem duvidas é um grande trabalho, elucidativo e, principalmente, preocupado em não somente julgar, mas fundamentalmente absorver ao máximo as possibilidades de diálogos sadios e enaltecedores entres os diversos campos, domínios e abordagens do fazer histórico.

Radamés Hakeem Rodrigues

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